domingo, 8 de abril de 2012

Vida de pesquisadora

JUVENAL, o Juvevê no Carnaval

Este foi o nome original, do evento de rua organizado por BEATRIZ STRESSER (neta do compositor Augusto Stresser), para a primeira comemoração do centenário da ÓPERA SIDÉRIA.
O evento aconteceu no dia 11 de fevereiro próximo passado, em frente à Praça Vivian Braga (também conhecida com o praça Porto Alegre), entre s ruas Alberto Bollinger e Augusto Stresser, no bairro Juvevê.

Entre as várias barracas abertas especialmente para o evento, uma foi especialmente dedicada à ópera, como vocês conferem nas fotos abaixo:















quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Vida de pesquisadora amadora [2]

Por: Elaine Novaes Falco.

Vida de pesquisadora amadora [2]
RICARDO WAGNER, pintor e cenógrafo.

Pois continuei minhas pesquisas, e quase por acaso descobri os Boletins Informativos da Casa Romário Martins. Foi uma daquelas coincidências que acontece quando a pesquisa é tão interessante, que parece um pano de fundo para as atividades cotidianas. Era um dia comum, entrei em um “sebo” sem nenhum interesse em particular, encontrei à venda um Boletim Informativo com fotos de época, e lá estava, no final do volume, uma longa relação de outros boletins que depois viria a saber, há muito estão esgotados e só podem mesmo ser encontrados à venda nos sebos da cidade, ou fotocopiados da Biblioteca na Casa da Memória.

E entre estes, havia o BOLETIM INFORMATIVO DA CASA ROMÁRIO MARTINS, vol. XIX, nº 99, editado em setembro de 1992, título AUGUSTO STRESSER E A ÓPERA SIDÉRIA. A pesquisa biográfica foi realizada por Roberto Sérgio Stresser, e a pesquisa da ópera, por Clara Satiko Kano, e conta com fotografias do acervo da família Stresser e da Casa da Memória de Curitiba.

Entre estas fotografias, encontra-se a fls. 23, uma foto do Theatro Guayra no início do século, quando ainda se localizava onde hoje está a Biblioteca Pública do Paraná. Um prédio surpreendentemente bonito, querem ver?



Este boletim traz outras informações, sobre os responsáveis pela cenografia e figurinos. A fls. 22, dois primeiros parágrafos, consta que:

“O cenário para o primeiro ato ficou a cargo de Ricardo Wagner. Já o segundo e terceiro atos foram caracterizados pelos cenários pintados por Guilherme Lobe. Tanto este, como aquele, procuraram enfocar a paisagem paranaense.

Quanto ao figurino para as prima-donas, foi Albertina Gonçalves quem os executou. Já os trajes usados pelas camponesas foram, por elas mesmas executados.”

Descobri assim que algo não mudou em um século: quando faltam verbas para a produção, o coro fica responsável pela produção de seu próprio figurino, no todo ou em parte.

E descobri também o nome de mais um artista plástico na cenografia da ópera, senhor RICARDO WAGNER. Mas sobre este, só encontrei esta informação!
O boletim traz ainda, a fls. 25, foto identificada como da estréia da Ópera Sidéria. Será este fundo arborizado, a obra do senhor Ricardo?


domingo, 15 de maio de 2011

GUILHERME LOBE, pintor e cenógrafo.

Vida de pesquisadora amadora [1]
(Texto de Elaine Novaes Falco)

Esta semana resolvi, também, fazer postagens sobre aquilo que AINDA estou pesquisando, na esperança de que mais alguém conheça do assunto, e tenha as informações das quais estou “correndo atrás”. Quem sabe?

Buscando informações sobre a estréia da Ópera Sidéria, quero saber mais sobre a cenografia, que ficou sob a responsabilidade de GUILHERME LOBE, o “pintor scenographo” cujo nome era anunciado ao pé da publicidade do jornal curitibano DIÁRIO DA TARDE de 02 de maio de 1912, periódico de propriedade de Arthur Obino, com slogan “folha de maior circulação no Paraná” (e acredito nisso, pois a pesquisa realizada para esta postagem, na seção de documentação paranaense da Biblioteca Pública do Paraná, periódicos, aparentemente confirma a propaganda).



(Recorte da terceira folha, do jornal Diário da Tarde de 02 de maio de 1912. Pesquisa realizada na Seção de Documentação Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná)



Na Wikipédia, é possível encontrar disponível uma foto da estréia, ao fundo a última tela cenográfica de autoria de Guilherme Lobe.



(Imagem disponível na internet, ficheiro Wikipédia, http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Elenco_da_%C3%B3pera_Sid%C3%A9ria.jpg)


Infelizmente, só encontrei esta foto, com imagem do cenário do terceiro ato. Faz sentido: lembro que também nas produções das quais participei, a maioria das fotos era tirada ao término do espetáculo, priorizando o cenário do último ato. Se considerar ainda a dificuldade em fotografar, na tecnologia do início do século XX...

Mas a curiosidade é grande: os cenários foram comentados nos jornais da época, já que o nacionalismo era então uma vanguarda artística. A matéria de primeira página do jornal Diário da Tarde do dia 07 de maio de 1912, trazia ao final o comentário sobre como tais cenários eram apreciados pelo público. Informa ainda que o primeiro ato tinha “a paisagem dos nossos campos, feita com uma suavidade de tintas encantadoras. À frente no primeiro plano destaca um pinheiro solitário, que dá ao largo fundo uma impressão agradável e indefinida das tardes quietas e serenas. O do 3º ato é uma fantasia, em que as cores vivas contrastam com as tintas negras da paisagem lúgubre”, encerrando com elogio à “bela inspiração do Sr. Lobe”.



(Recorte da primeira folha, do jornal Diário da Tarde de 07 de maio de 1912. O comentário citado, neste recorte encontra-se na terceira coluna, antecedendo matéria intitulada “Águas Minerais de São Lourenço”. Pesquisa realizada na Seção de Documentação Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná)


Mas estas fotografias existiram. Isso o afirma “nosso” Diário da Tarde, em pequena nota de sua publicação em 23 de maio de 1912, primeira página, divulgando a repercussão continuada do grande sucesso sob o título “Echos da ‘Sidéria’”, E comenta que na vitrine da casa Vitrix encontravam-se expostas esplêndidas fotografias de várias cenas da ópera Sidéria, com trabalho fotográfico do próprio Guilherme Lobe.
Onde estarão?


(Recorte da primeira folha, do jornal Diário da Tarde de 07 de maio de 1912. O comentário citado, neste recorte encontra-se no primeiro parágrafo da nota intitulada “Echos da Sidéria”, ao pé de página da segunda coluna. Pesquisa realizada na Seção de Documentação Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná)

sexta-feira, 25 de março de 2011

Augusto Stresser e a Poesia

Aí vai uma poesia do meu avô Chama-se PRIMAVERA e foi escrita por volta de 1908.

PRIMAVERA

" Enflora-se o arvoredo. É a primavera.
Rosas rebentam álacres; de flôres
Bordam-se os vergéis e os arcos de era;
E as andorinhas fazem seus amores.

Bandos de Borboletas multicores
Passam no ar: e o longo inverno passa...
Cantam as aves pelos arredores
E a natureza de festões se enlaça.

Desfez-se o véu da quadra fria e triste
E dos montes redoira alegre os flancos
A luz do Sol. Da neve nada existe.

Assim como êsse inverno, bem quisera
Também se fôssem meus cabelos brancos
E voltasse-me a antiga Primavera.


"O poema foi dedicado a Silveira Netto"



Esta feliz contribuição ao blog foi gentilmente cedida pela sra. Bia Stresser , neta de Augusto Stresser.

terça-feira, 22 de março de 2011

Onde se passa a Ópera Sidéria.

No dia 17 de janeiro de 1894, um batalhão de 639 homens formado por forças republicanas (pica-paus), chefiado pelo General Antônio Ernesto Gomes Carneiro, enfrentou bravamente as forças revolucionárias formadas por cerca de 3 mil combatentes (maragatos), membros do Exército Libertador, comandados por Gumercindo Saraiva. Cerca de 500 pessoas morreram no Cerco, entre as quais o General Carneiro. O conflito que culminou nas ruas da Lapa teve início no Rio Grande do Sul e se alastrou pelos três estados do Sul, chegando até o Rio de Janeiro, com objetivo de depor o Marechal Floriano Peixoto. A ação implicou na queda de Tijucas e Paranaguá e na tomada de Curitiba. A Lapa, último obstáculo para as forças contrárias à República, resistiu por 26 dias até assinar a Ata de Capitulação (rendição).

AUGUSTO STRESSER – UMA VÍTIMA DA GRIPE ESPANHOLA

AUGUSTO STRESSER – UMA VÍTIMA DA GRIPE ESPANHOLA
(por Elaine Novaes Falco)

Curitiba, março de 2011, neste fim de semana começa o outono.
Porém, e inobstante os alardeados avanços da medicina, ainda nos preocupamos a cada mudança de estação, com as doenças sazonais que – pasmem! – nem são tão diferentes assim, daquelas que preocupavam as gerações que nos precederam. A cada verão, o risco de epidemia da “deng”. E desde 2009, a cada novo inverno, Curitiba estremece e retorna aos vidros de álcool gel, tentando precaver da gripe H1N1, que já foi conhecida como “suína”... ou como a conheceu Augusto Stresser: “gripe espanhola”.

Todos aqueles que tem a felicidade de conhecer o trabalho e a obra que Augusto Stresser deixou para a posteridade, pergunta-se: até onde este artista poderia ter chegado, se a morte não o tivesse tolhido tão jovem, com apenas 47 anos.

Stresser foi uma vítima da Gripe Espanhola, a pior pandemia mundial do século XX. Até hoje, não se tem conhecimento da origem geográfica desta pandemia, mas se sabe que começou a ser detectada entre os soldados sobreviventes da Primeira Guerra Mundial, na Europa, e se espalhou por quase toda parte do mundo. O termo “espanhola”, como em geral acontece nestes casos, deriva de uma situção oportuna. A Espanha, que não havia participado da guerra, foi o primeiro país cuja imprensa noticiou amplamente, o fato e a quantidade de pessoas que estavam adoecendo e morrendo desta pandemia surpreendente. Mas a gripe espanhola também foi conhecida como “gripe pneumônica”, “peste pneumônica”, ou simplesmente “pneumônica”, e foi causada por uma virulência frequentemente mortal, de uma estirpe do virus Influenza A, do subtipo H1N1 – o mesmo que ressurgiu em 2009.

A primeira observação da pandemia ocorreu em 11 de março de 1918, nos Estados Unidos da América. Em abril do mesmo ano, registrou-se alarmante número de casos entre soldados das tropas francesas, britânicas e americanas que se encontravam estacionadas em portos de embarque da França. No mês seguinte, em maio, a doença já havia chegado à Grécia, Portugal e Espanho. Em junho, a Dinamarca noticiava um sem número de ocorrências. Em agosto, era a vez dos Países Baixos e Suécia.

Na falta de estatísticas confiáveis, calcula-se que a Gripe Espanhola afetou metade (50%) da população mundial, tendo matado entre 20 a 40 milhões de pessoas. Estima-se, entretanto, que este número possa ser ainda maior, porque não há cômputo do desenvolvimento nos países orientais, como China e Ìndia.
No Brasil, em 24 de setembro de 1918, retornou ao país a Missão Médica enviada para ajudar no esforço de guerra francês. Estas pessoas haviam sido atingidas pela gripe no Porto de Dacar (Senegal), na época uma colônia francesa. Na mesma época, chegou ao país o paquete Demerara, vindo da Europa, também com passageiros portadores da gripe epidêmica.

Em poucos dias, a doença se propagou pelo país. Irrompeu em Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Amazônia. Paraná. Foram registradas em torno de 300 mil mortes relacionadas à gripe suína, entre eles muitos nomes ilustres, inclusive o Presidente da República, Rodrigues Alves, em 1919.

Em Curitiba (vide blog http://historia.abril.com.br/fatos/furia-gripe-espanhola-433549.shtml), a epidemia foi assim noticiada:

“Já morrem 24 pessoas por dia em Coritiba”, dizia uma manchete do dia 14 de outubro. Na mesma data, um anúncio: “Precisa-se de dois cocheiros na Empreza Funerária de P. Falce”. Essas manchetes dos jornais da época reproduzidas no livro O Mez da Grippe (assim mesmo, com essa grafia), de Valêncio Xavier, dão uma idéia do quadro assustador. A reação entre os curitibanos foi de pânico. Por causa disto, as notícias a respeito foram censuradas. O livro mostra a primeira página do jornal Diário da Tarde, em que, de um artigo sobre “A Influenza”, só ficou o título – o resto está em branco. Já o Commercio do Paraná adotou uma atitude diferente; a epidemia seria apenas uma gripe comum. Mas teve de admitir, em 25 de outubro: “A nossa edição de hontem saiu muito aquem da expectativa em conseqüência de terem adoecido operários da secção da composição, obrigando-nos assim ao sacrifício de materia redaccional cuja inserção foi absolutamente impossivel.”

Foi no meio de tanto sofrimento, que nós – curitibanos – choramos pelo falecimento do grande compositor paranaense, Augusto Stresser, uma vítima dentre as inúmeras vítimas desta verdadeira catástrofe da saúde pública mundial. E aqui, diante do computador, eu me pergunto: quantas outras óperas, quantos inúmeros concertos, quanta música de boa qualidade ainda poderia ter sido por ele escrita, se a morte não o tolhesse tão cedo?


SAIBA MAIS

http://historia.abril.com.br/fatos/furia-gripe-espanhola-433549.shtm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Stresser

Livros
Literatura: O Mez da Grippe, Valêncio Xavier, Companhia das Letras, 1981
Gripe: A História da Pandemia de 1918, Gina Kolata, Record
A História e suas Epidemias, Stefan Cunha Ujvari, Senac,

quinta-feira, 3 de março de 2011

Stresser, o compositor que Curitiba esqueceu.

Stresser, o compositor que Curitiba esqueceu.

Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de julho de 1991

Quando o advogado Renê Dotti assumiu a Secretaria da Cultura, uma das primeiras pessoas que lhe solicitaram uma audiência foi a professora Marisa Mendes Sampaio. Pesquisadora incansável de nossa vida cultural, a ele recorreu com a esperança de poder reaver os originais e fotografias únicas de um livro sobre o compositor Augusto Stresser, extraviado na administração anterior - no infeliz governo José Richa.

Apesar das medidas administrativas tomadas por Dotti, os preciosos originais continuam desaparecidos - para desespero da autora e dos descendentes do biografado, que lhe haviam confiado únicas cópias de fotos do arquivo familiar. Só no finalzinho do governo, Álvaro Dias, não se sabe como, apareceu o pacote com o precioso material - originalmente encaminhado para avaliação e possível publicação.

Já totalmente descrente de qualquer chance de ver o resultado de anos de pesquisas ser editado, a professora Marisa preferiu devolver as fotos ao Sr. Milton Stresser, 78 anos, um dos três filhos de Augusto ainda vivos (os outros são Gastão e Guiomar) e desistiu de tentar publicar o livro - ao mesmo através de órgão oficial. Afinal, sofreu por mais de cinco anos a angústia de ter confiado numa secretaria dita de Cultura - e na qual burocratas siquer respeitam trabalhos de tanta importância. Em sua primeira administração quando sofria violenta oposição pela implantação de medidas que, na época, eram pouco entendidas pela população (como o fechamento da rua XV de [Novembro]) o então jovem prefeito Jaime Lerner teve entre seus poucos aliados na imprensa os jornalistas Adherbal e Ronald Stresser.

No comando do "Diário do Paraná" e TV Paraná, os Stresser apoiaram Lerner e, em certo momento de crise maior, praticamente garantiram a sua permanência na Prefeitura. Grato, na época, pela ajuda, Jaime aceitou a sugestão que fizemos quando da inauguração do teatro do Paiol e deu o nome de "Biblioteca Augusto Stresser" para uma unidade de leitura ali instalada. Com bons livros e uma atividade [intensa] beneficiando o bairro do Guabirotuba - que não dispunha (como continua não dispondo) de qualquer outra biblioteca - a mesma cumpria uma bela missão. Infelizmente, poucos meses depois de Lerner ter deixado a Prefeitura, a biblioteca foi desativada.

Até a placa de bronze que registrava o nome do patrono desapareceu. O espaço que ocupava foi transformado em depósito e continua assim até hoje. (*). Apesar de Lerner ter retornado já por duas vezes a chefia do executivo Municipal, a biblioteca Augusto Stresser não foi ainda reaberta.

Na atual administração - em que o setor cultura vem hostilizando amplas áreas da cidade - sugestões feitas a respeito acabaram também sendo totalmente esquecidas - para mágoa da família Stresser, conforme aqui denunciamos repetidas vezes. Nota (*) A Biblioteca Augusto Stresser foi inaugurada na manhã de um sábado, 24 de março de 1973, com a presença dos familiares do homenageado. Funcionou ativamente na primeira administração de Jaime Lerner.



Nota: A Matéria foi extraída do Blog Tablóide Digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch .

O assunto nos direciona a questionar momentos políticos que permeiam a obra do brilhante compositor e a necessidade que temos de resgatar a memória dos Artístas Paranaenses, em especial para este momento :Augusto Stresser

Possivelmente informações mais atualizadas identifiquem que boa parte do conteúdo desta matéria, haja sofrido alteração e mudanças de conceito e critério.

A ação de resgate como a que propomos e estamos implementando: Montagem da Ópera Sidéria, visa influir em todo este contexto, objetivando que tais mudanças se tornem positivas, e que situações como a abordada na matéria,descrevam situações mais felizes.

Continuamos aguardando que os seguidores e demais visitantes nos auxiliem com material para divulgação neste espaço:

Tópicos como: Moda - Política - Filosofia - Padrão Social - Arquitetura - Fotografias - etc. são bem vindos (devem abordar sobretudo o péríodo em que Augusto Stresser viveu e compôs a Ópera Sidéria).